terça-feira, 25 de novembro de 2008

Como fazer sua camiseta da Cecília Meireles

Olá, pessoal!

Nossas camisetas estão disponíveis! Seu uso como alternativa ao uniforme do Colégio está liberado até sexta-feira, 28 de novembro.

Quem tiver interesse em participar dessa forma deve seguir as instruções:

1. Faça o download do arquivo com as imagens no seguinte link:
http://rapidshare.com/files/167266321/camisetas_cecilia.zip

2. Dirija-se à gráfica que indicaremos no final desta mensagem ou a outra de sua preferência. A gráfica inicada tem os arquivos; caso prefira outra, leve os arquivos em um pen-drive.

3. Apresente-se como um aluno marista e diga que quer a camiseta da Cecília Meireles, da viagem, da música ou do sonho.

4. Você pode usar a camiseta que a gráfica tem para venda ou levar a sua.

5. Apenas camisetas brancas básicas serão permitidas. Barriguinha de fora, baby-look, decotes, mangas cavadas e outras invencionices não serão aceitas no colégio. Não adianta reclamar.

Para quem topar, indicamos os serviços da gráfica CopyColor, que tem um serviço já conhecido por nós e é perto do Colégio, o que, esperamos, facilite todo o processo. Fica na Avenida Getúlio Vargas, 1445, próximo à Livraria da Travessa. O telefone deles é 3282-2009

Tudo certo, então? Ótimo! Esperamos que essa seja mais uma divertida forma de vivenciar a obra de nossa Cecília!

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

Camisetas a caminho!

Olá, turma!


Nossa aventura pelo mundo de Cecília Meireles continua, mesmo depois de nossa prova final!


Na sexta-feira, teremos apresentações poéticas e, até o final desta semana, estamos autorizados a frequentar a escola com a camiseta marista da Cecília Meireles! Teremos três lindos modelos de camisetas, criados por vocês. Nas próximas horas, disponibilizaremos para download os arquivos com as imagens e as instruções de fabricação para quem quiser se vestir de poesia.


Por enquanto, fica aqui uma prévia:



Aguardem novidades daqui a pouco!

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

domingo, 16 de novembro de 2008

Antologia Poética "Três Cecílias de Marista": download

Olá!

Nossa antologia poética da Cecília Meireles está disponível para download, para aqueles que preferirem uma versão impressa. Aqui vai o link:

http://rapidshare.com/files/164356080/cmds08c042_antologia_cecilia_meireles.doc

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

Despedida

Olá!

A obra de Cecília é tão rica que poderíamos passar toda a vida a estudando. Neste momento, porém, temos também um trabalho a fazer, com data marcada para terminar. Por isso, é chegado o momento de encerrarmos esta nossa antologia poética. Isso não significa, é claro, que o Blog pára por aqui; apenas que, para efeito de avaliação, esta é a última mensagem em pauta.

Escolhemos um poema muito apropriado para isso, o bonito "Despedida", que aborda todos os nossos temas, o sonho, a viagem, a música.

Despedida

Adeus,
que é tempo de marear!

Por que procuram pelos olhos meus
rastros de choro.
direções de olhar?

Quem fala em praias de cristal e de ouro,
abrindo estrelas nos aléns do mar?
Quem pensa num desembarcadouro?
- É hora, apenas, de marear.

Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?
e âncora? e bússola? e rumo e lugar?
Quem levanta do esquecimento
esses fantasmas de perguntar?

Lenço de adeuses, já perdi... Por onde?
- naterra, andando, e só de tanto andar...
Não faz mal. Que ninguém me responde
a um lenço movido no ar...

Perdi meu lenço e meu passaporte,
- senhas inúteis de ir e chegar.

Quem lembra a fala da ausência
num mundo sem correspondência?

Boa viagem, queridos alunos! Que a luz de Cecília lhes ilumine o caminho!

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

Moda da menina trombuda

Olá, pessoal!

Adolescente sofre, não é? Nota na prova, corte do cabelo, marca da roupa, fofocas na turma, expectativa pelo namoro, bronca dos pais; tantas preocupações... e ainda tem que aguentar os outros o chamando de "aborrescente"! Quanta injustiça!

Se servir de consolo: quem vive com adolescente sofre também!

Cecília Meireles, com seu olhar agudo sobre a realidade, em um mundo no qual a idéia de adolescência ainda não existia, deu uma boa cutucada em certos comportamentos:

Moda da menina trombuda

É a moda
da menina muda
da menina trombuda
que muda de modos
e dá medo.

(A menina mimada!)

É a moda
da menina muda
que muda
de modos
e já não pe trombuda.

(A menina amada!)

Legal! Acho que no fundo, como diz o Gilberto Gil, todos só queremos mesmo um bem.

E se vocês acharam que estamos dando alguma indireta escolhendo esse poema... ACERTARAM!

Um abraço e deixa de birra,

Guilherme & Ivanilda

O sonho de Olga

Olá, turma marista!

Acharam difícil a reflexão sobre o último poema, "O sonho e a fronha"?

Vamos, então, ler um outro poema com uma proposta semelhante:

Sonho de Olga

A espuma escreve
com letras de alga
o sonho de Olga.

Olga é a menina que o céu cavalgava
em estrela breve.

Olga é a menina que o céu afaga
e o seu cavalo em luz se afoga
e em céu se apaga.

A espuma espera
o sonho de Olga.

A estrela de Olga se chama Alfa.
Alfa é o cavalo de estrela de Olga.

Quando amanhece, Olga desperta
e a espuma espera
o sonho de Olga,

a espuma escreve
com letras de alga
a cavalgada da estrela Alfa.

A espuma escreve com algas na água
o sonho de Olga.

Como é interessante!

Aparentemente, o tema do poema é bem fácil: todos nós que já visitamos uma praia podemos imaginar as ondas deixando algas na areia da praia, em formatos semelhantes ao de letras.

Logo vemos, porém, que não estamos falando de letras quaisquer, nem de espuma qualquer, nem de mar qualquer, nem de nada qualquer. Afinal, Cecília nos conduz a um caminho impossível, falando de assuntos que, de certa forma, nem fazem sentido. Menina que cavalga no céu? Que o céu afaga? Espuma que espera o sonho? Estrela-cavalo? Como assim?

Se pararmos para pensar, veremos que nada disso faz muito sentido, mas aceitamos o texto porque reconhecemos nele uma linguagem que conhecemos bem: a linguagem do sonho, em que tudo é misterioso e às vezes um pouco sem sentido, mas muito verdadeiro, porque fala do que existe dentro de nós.

Cecília explora esse mundo que existe nas profundezas do nosso eu, do nosso eu submarino, temperando sua viagem com jogos sonoros e correntes de palavras.

Acharam legal? Maluco? Como em um sonho?

Pois vamos aumentar o tamanho dessa estrada, deixando uma palavra para você pesquisar, que tem muito a ver com toda essa conversa: inconsciente. Cecília Meireles tenta dar voz ao inconsciente.

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

O sonho e a fronha

Boa!

Cecília Meireles sem dúvida cria a poesia do sonho. Sua escrita não penas aborda assuntos oníricos, como a saudade, a melancolia, o indefinidos; sua poesia é o próprio sonho. Através da leveza de seu vocabulário, da insolitez de suas imagens, do poder singelo de sua sonoridade, ela conduz o leitor a um estado de fantasia e mistério próprio do sonho.

Vejamos um poema em que ela fala sobre isso de forma muito explícita, ao mesmo tempo em que consegue manter o mistério.

O sonho e a fronha

Sonho risonho
na fronha de linho.
Na fronha de linho,
a flor sem espinho.

Apanho a lenha
para o vizinho.

E encontro o ninho
de passarinho.

De que tamanho
seria o rebanho?

Não há quem venha
pela montanha
com a minha sombrinha
de teia de aranha?

Sonho o meu sonho.
A flor sem espinho
também sonha
na fronha.

Na fronha de linho.

Sabem, poesia é um perigo... Se o poeta viaja longe demais, pode se perder. Por outro lado, se tem os pés muito no chão, não faz poesia; faz prosa. Quando olhamos os grandes poetas, vemos que muitos deles têm em comum um ponto: o mistério. O poeta sabe semear perguntas, mas não espera que os frutos apareçam nem se preocupa se vamos colhê-los. Apenas deixa que o mistério exista. Quando um poeta fala sobre um assunto de forma muito concreta, pode pôr toda a safra poética em perigo.

Cecília andou por caminhos perigosos em "O sonho e a fronha", falando abertamente sobre um assunto misterioso, o sonho. Observem, porém, como ela deixa o cenário indefinido, falando sobra a fronha e o linho, que não percebemos muito bem como se relacionam com o passarinho e a montanha. Esse mistério provoca o leitor, e é parte do que nos seduz para a leitura. A sonoridade aqui é muito importante, pois forma uma espécie de corrente, que nos leva: onho... inho... enha... anha... Quando percebemos, já estamos amarrados na seda das teias poéticas.

Brinquem um pouco com esse poema.

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

Lua depois da chuva

Ei ei ei!

Antes que a Lua suma do céu, vamos aproveitar um pouco mais, lendo mais um bonito poema de Cecília sobre ela.

Lua depois da chuva

Olha a chuva:
molha a luva.

Cada gota de água
como um bago de uva.

A chuva lava a rua.
A viúva leva
o guarda-chuva
e a luva.

Olha a chuva:
molha a luva
e o guarda-chuva
da viúva.

Vai a chuva
e chega a lua:
lua de chuva.

Que ninguém deixe de perceber também a chuva de sons e jogos de palavras que Cecília nos manda com esse poema.

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

Figurinhas II

Olá, amigos!

Já que o assunto é a saudade, vamos abordar um outro poema que fala sobre isso, "Figurinhas II".

O título faz referência a essa hábito infantil, que, aliás, tem estado muito presente nos corredores do sexto ano ultimamente e também nas salas de aula... Achamos que essa moda do tapão não vai deixar saudades!

Figurinhas II

Onde está meu quintal
amarelo e encarnado,
com meninos brincando
de chicote-queimado,
com cigarras nos troncos
e formigas no chão,
e muitas conchas brancas
dentro da minha mão?

E Júlia e Maria
e Amélia onde estão?

Onde está o meu anel
e o banquinho quadrado
e o sabiá na mangueira
e o gato no telhado?

- a moringa de barro,
e o cheiro do alvo pão?
E a tua voz, Pedrina,
sobre o meu coração?
Em que altos balanços
se balançarão?

Já que um de nossos temas nesse estudo da obra de Cecília Meireles é a viagem, não conseguiremos ignorar o fato de que a saudade é uma forma de esperarmos, ou temermos, a mais longa de todas as viagens, a morte. Cecília deixa isso bem claro ao se perguntar sobre em que "altos balanços" as figuras de seu passado se balançarão.

A poesia é uma forma de dar voz ao passado, mas também de nos ajudar a olhar com mais leveza para essa futuro ao mesmo tempo assustador e esperançoso que se coloca diante de todos nós.

Abraços,

Guilherme & Ivanilda

O santo no Monte

Bom dia, turma!

Em mais de uma ocasião, Cecília Meireles manifestou sua preocupação emr elação ao futuro do mundo. O lado negativo do progresso, como sabemos, traz muitos problemas: mais sujeira, mais violência, mais preconceito, mais medo, mais jaulas, para o corpo, para o coração e para a mente.

Vamos ler um poema que trata dessa tristeza.

O Santo no Monte

No monte,
o Santo
em seu manto,
sorria tanto!

Sorria para uma fonte
que havia no alto do monte
e também porque defronte
se via o sol no horizonte.

No monte
o Santo
em seu manto
chora tanto!

Chora - pois não há mais fonte,
e agora há um muro defronte
que já não deixa do monte
ver o sol nem o horizonte.

No monte
o Santo
em seu manto
chora tanto!

(Duro
muro
escuro!)

Nós moramos em uma cidade chamada Belo Horizonte. Essa beleza que nos uniu também está ameaçada. A cada dia nosso horizonte está mais invisível, tapado pelo muro da sujeira e dos edifícios. Nossas montanhas, pobres de nós e delas, estão sendo loteadas e transformadas em horrendos loteamentos. Em breve, corremos o risco de ser como o Santo do Monte, saudoso e entristecido.

Contra esse perigo, temos o antídoto da consciência, para não deixarmos que nos roubem nosso horizonte, e o antídoto da poesia, que amplia nossos horizontes intelectuais, espirituais, sentimentais e morais, ajudando-nos a buscar essa beleza, mesmo além dos muros.

Abraços,

Guilherme & Ivanilda

sábado, 15 de novembro de 2008

Ou isto ou aquilo

Ei!

Sabem uma coisa? Cecília Meireles tem razão: escolher é muito difícil!

E, já que nosso assunto atual nas aulas de gramática é o pronome, vamos ler esse poema, que brinca-fala-sério, usando os pronomes demosntrativos "isto" e "aquilo":

Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tom sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobre nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Só podemos lembrar as palavras da própria Cecília: "Não sei se fico ou passo./ Sei canto e a canção é tudo".

A poesia é mesmo a escolha certa.

Abraços,

Guilherme & Ivanilda

Para ir à Lua

Boa noite!

Lua cheia no céu... como é bonito!

A Lua motivou sonhos e conquistas. Sob sua luz prateada, a poesia já tomou infinitas formas.

Nossa Cecília, é claro, também olhou para o alto. Sua poesia misteriosa e singela é lógica que se encantaria com o presente mais lindo que Deus pôs no céu.

O mais engraçado é que, ao fazer isso, Cecília nos ajudou a entender melhor a vida aqui em baixo também. Poesia é assim mesmo.

Para ir à Lua

Enquanto não têm foguetes
para ir à Lua
os meninos deslizam de patinete
pelas calçadas da rua.

Vão cegos de velocidade:
mesmo que quebrem o nariz,
que grande felicidade!
Ser veloz é ser feliz.

Ah! se pudessem ser anjos
de longas asas!
Mas são apenas marmanjos!


Cecília Meireles morreu em 1964; cinco anos antes, portanto, de o ser humano pôr os pés pela primeira vez na Lua.

Podemos imaginar como ela se sentia, nos seus últimos anos, acompanhando pelos jornais os avanços tecnológicos levando os astronautas cada vez mais perto de nosso satélite. Talvez sentisse medo. "Que diacho! Não satisfeitos em atrapalhar nossa Terra, esses senhores querem agora perturbar a paz e o mistério do infinito!", ela pode ter pensado.

Os meninos-marmanjos de Cecília recebem um sutil puxão de orelha por essa travessura, mas também um certo afeto quase maternal, de quem entende que, afinal, nossas ambições quando vamos nos tornando adultos às vezes são mesmo só uma nova brincadeira que vamos inventando.

Um abraço... e olhem o céu!

Guilherme & Ivanilda

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O último andar

Bom-bom dia!

Vamos hoje mostrar um poema que líamos quando éramos mais jovens e marcou muito as épocas passadas: “O último andar”.

O último andar


No último andar é mais bonito:
do último andar se vê o mar.
É lá que eu quero morar.

O último andar é muito longe:
custa-se muito a chegar.
Mas é lá que eu quero morar.

Todo o céu fica a noite inteira
sobre o último andar
É lá que eu quero morar.

Quando faz lua no terraço
fica todo o luar.
É lá que eu quero morar.

Os passarinhos lá se escondem
para ninguém os maltratar:
no último andar.

De lá se avista o mundo inteiro:
tudo parece perto, no ar.
É lá que eu quero morar:
no último andar.


Talvez você more em uma cobertura; talvez sua casa tenha uma bela varanda. Talvez você goste de escalar montanhas; talvez, de voar. Pode ser que, para você, o último andar seja a Casa Celestial, de onde Cecília Meireles vê o mar e nossa admiração por ela. Pode ser que o último andar represente os vôos poéticos que Cecília nos possibilita, oferecendo a chance de vermos o mundo de cima, com os olhos da beleza, graças à poesia.

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cecília do Sonho

Boa noite!

Muitas vezes, os poemas de Cecília recriam a atmosfera misteriosa e flutuante dos sonhos.


Esse segredo também inspirou criações de nossas turmas:



Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

Cecília da Música

Olá!


A música é peça fundamental na obra poética de Cecília Meireles por muitos motivos. Essa obra deve muito à música impressionista, que inspirou também os poetas simbolistas, mestres de Cecília. Seus versos trazem uma forte preocupação com a sonoridade, a tal ponto que muitas vezes, ao lê-los, nos esquecemos do sentido e nos contentamos em apreciar a bela música das palavras. Em alguns momentos, a melodia é um tema; em outros, um efeito do poema. Acima de tudo, o canto é também o próprio falar poético e o próprio ato de se fazer poesia.


Vamos ver como as turmas enxergaram a Cecília da Música:




Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

Cecília da Viagem

Ei!


Cecília viajava muito. Sabemos disso a partir da leitura do lindo "Três Marias de Cecília", que traz reprodução de diversos cartões postais que ele envia a suas filhas de várias partes do mundo. Sabemos também, pela leitura dessa obra, que, para Cecília, viajar é mais sairmos de um lugar: é sair de nós mesmos.


É essa oportunidade que sua obra poética também nos oferece, a de nos reinventarmos a cada leitura. Como ela diz muito sabiamente em um poema, "a vida só é possível reinventada".



Vamos ver os retratos que cada turma criou inspirada nesse tema:


Qual dessas gravuras leva você mais longe?

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

Nossa escola enfeitada para Cecília!

Olá, turma!


Na última sexta-feira, dia 7 de novembro, comemoramos o aniversário de Cecília Meireles enfeitando nosso Colégio com dois lindos painéis, feitos por vocês.


Os painéis contêm as seis imagens de cada um dos três temas de nossos estudo - o sonho, a música e a viagem.


Ficaram mesmo lindos:



Para os mais desatentos ou um pai ou amigo que esteja visitando nosso blog sem estar muito por dentro do assunto, não custa lembrar que nosso projeto, Três Cecílias de Marista, foi inspirado pela leitura da obra "Três Marias de Cecília". Tendo em vista o estudo da obra poética dessa mulher pioneira, determinamos, então, três temas recorrentes e fundamentais em seus poemas: a viagem, a música e o sonho. Esses painéis trazem os retratos de Cecília produzidos por cada uma das turmas para ilustrar essas três facetas de Cecília Meireles, que, no fundo, são mesmo partes de um mesmo todo.

Parabéns pelo trabalho bonito!

Um abraço,
Guilherme & Ivanilda

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O grilo

Bom dia, sexto ano!

Parabéns para nossa Cecília Meireles, que trouxe sua luz ao mundo em 7 de novembro de 1901, há exatos cento e sete anos! Que todos nós, em nossas orações de hoje, peçamos a Maria e a São Marcelino que a continuem acolhendo na morada divina.

Vejam que bonito o poema "Grilo", do livro "Viagem". Leiam em voz alta para apreciarem melhor a sonoridade, que remete ao ruído do pequeno animal. O grilo de Cecília, é claro, é mais do que um animal: é uma criatura da noite, que vem nos trazer a lembrança e o mistério, como as próprias dúvidas que insistem em chirriar na nossa mente.

Grilo

Máquina de ouro a rodar na sombra,
serra de cristal a serrar estrelas...

Caem pedaços do sono, entre os silêncios,
em grandes flores, mornas e dóceis,
com o peso e a cor de vagar borboletas.

Rostos de espuma, nomes de cinza,
- a vida sobe nos caules da noite, pouco a pouco.

Máquina de ouro tremendo no ar de vidro frio,
cortando o broto das palavras rente à boca...

Desmanchando nos dedos arquiteturas que iam parando,
e livros de imagens que o vento compunha, ilogicamente.

Ah! que é dos ramos de estrelas finamente desprendidas,
pela sonora lâmina que estás vibrando sempre, sempre?

Que é das noites extensas, de ares mansos de alegrias,
sem ruas, sem habitantes, sem solidão, sem pensamento?

Que é das mãos esperando o amanhecer definitivo
e caídas também na torrente do tempo?


Brinque um pouco com os sentidos e a sonoridade do poema. Perceba as metáforas e os jogos de palavras. Ao mesmo tempo, delicie-se com a simples beleza das palavras.

Um abraço e feliz aniversário para a Cecília,

Guilherme & Ivanilda

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Epigrama No.9

Olá, olá!

É sabido que o cantor e compositor Raimundo Fagner tem uma relação próxima com a obra de Cecília Meireles, tendo musicado vários poemas da grande autora.

Desses, um muito curioso é “Epigrama No.9”, do livro “Viagem”; um poema curto, mas muito profundo, que nos leva a questionar a própria existência, através de uma pergunta inquietante: “haverá mesmo algum pensamento?”

Epigrama No.9

O vento voa, voa

A noite se atordoa, a folha cai
A noite inteira se atordoa, a folha cai
Folha cai, vento voa

Haverá mesmo algum pensamento ?
Sobre esta noite, sobre este vento
Sobre está folha que se vai
Que se vai, que se vai

Ouça agora a versão musicada desse poema, na concepção de Fagner. Basta seguir o link:

http://rapidshare.com/files/161189203/fagner_cecilia.rar

O arquivo está compactado em formato .rar. Caso não tenha instalado em seu computador o programa WinRar, pode fazer o download gratuito do programa aqui: http://baixaki.ig.com.br/download/winrar.htm

Para uma curtição ainda maior, incluímos as canções “Motivo” e “Canteiro”, que são outras versões musicadas de Fagner para poemas de Cecília. “Quando penso em você, fecho os olhos de saudade”: que bonito...

Um abração,

Guilherme & Ivanilda

Romance XXXVIII ou do Embuçado

Olá, amigos!

No poema apresentado a seguir, Cecília Meireles conta de um dos mais curiosos momentos da Inconfidência Mineira.

Sem saberem, os inconfidentes haviam sido denunciados ao governo português, que secretamente preparava prender os conspiradores, arrombando suas casas durante a madrugada e levando-os presos, sem que tivessem chance de fuga ou reação.

Os registros históricos, como depoimentos dos inconfidentes e relatos de testemunhas da época, que, antes das prisões, durante a noite, uma misteriosa figura, vestindo roupas escuras e tapando seu rosto com um capuz, foi à casa de vários inconfidentes, dizendo que tudo havia sido descoberto.

Quem era essa pessoa? Seria Joaquim Silvério dos Reis, o inconfidente traidor, arrependido por ter delatado seus companheiros? Seria um funcionário do governo simpático à inconfidência? Seria um inimigo, ameaçando, e não avisando, os heróis? Alguns acreditam que pudesse se tratar de Maria Dorothea, noiva e musa do grande poeta Tomás Gonzaga, um dos líderes do movimento.

Nunca saberemos a verdade, provavelmente, mas a dúvida levou Cecília a produzir um poema de tirar o fôlego:

Romance XXXVIII ou do Embuçado

Homem ou mulher? Quem soube?

Tinha o chapéu desabado.
A capa embrulhava-se todo:
era o Embuçado.

Fidalgo? Escravo? Quem era?

De quem trazia o recado?
Foi no quintal? Foi no muro?
Mas de que lado?

Passou por aquela ponte?

Entrou naquele sobrado?
Vinha de perto ou de longe?
Era o Embuçado.

Trazia chaves pendentes?

Bateu com o punho apressado?
Viu a dona com o menino?
Ficou calado?

A casa não era aquela?

Notou que estava enganado?
Ficou chorando o menino?
Era o Embuçado.

"Fugi. Fugi, que vem tropa,

que sereis preso e enforcado..."I
sso foi tudo o que disse
o mascarado?

Subiu por aquele morro?

Entrou naquele valado?
Desapareceu na fonte?
Era o Embuçado.

Homem ou mulher? Quem soube?

Veio por si? Foi mandado?
A que horas foi? De que noite?
Visto ou sonhado?

Era a morte, que corria?

Era o Amor, com seu cuidado?
Era o Amigo? Era o Inimigo?
Era o Embuçado.

E para você: quem era o embuçado?

Abraços misteriosos,

Guilherme & Ivanilda

Romance da Bandeira da Inconfidência


Oi, turma!

Como vimos, o Romanceiro da Inconfidência é uma obra importantíssima de Cecília Meireles. Nesse livro, ele reconta, em forma de poesia, um dos mais marcantes momentos da história brasileira: a Inconfidência Mineira.

Talvez você não saiba, mas os principais inconfidentes foram também os maiores poetas daquele tempo: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa e Alvarenga Peixoto.

Esses homens extraordinários foram os criadores de um símbolo muito importante para nós: a bandeira de Minas Gerais! Seu triângulo representa ao mesmo tempo a Santíssima Trindade e a razão defendida pelos filósofos iluministas, em quem os heróis mineiros se inspiraram. Seus dizeres, “Libertas quase será tamen”, foram tirados do poeta latino Virgílio, e significam “Liberdade ainda que tardia”.

Vamos concordar: é algo que nos enche muito orgulho, e de muita responsabilidade, pertencermos a um povo que leva essa mensagem gloriosa em sua bandeira!

Um dos poemas mais bonitos do Romanceiro da Inconfidência narra a criação de nossa bandeira. Cecília captou com perfeição a atmosfera de coragem e segredo que os inconfidentes enfrentaram para criá-la.

Para ler em silêncio, reler em voz alta, reler novamente muitas e muitas vezes:

Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência

Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
— e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras:
olhos colados aos vidros,
mulheres e homens à espreita,
caras disformes de insônia,
vigiando as ações alheias.
Pelas gretas das janelas,
pelas frestas das esteiras,
agudas setas atiram
a inveja e a maledicência.
Palavras conjeturadas
oscilam no ar de surpresas,
como peludas aranhas
na gosma das teias densas,
rápidas e envenenadas,
engenhosas, sorrateiras.

Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
brilham fardas e casacas,
junto com batinas pretas.
E há finas mãos pensativas,
entre galões, sedas, rendas,
e há grossas mãos vigorosas,
de unhas fortes, duras veias,
e há mãos de púlpito e altares,
de Evangelhos, cruzes, bênçãos.
Uns são reinóis, uns, mazombos;
e pensam de mil maneiras;
mas citam Vergílio e Horácio,
e refletem, e argumentam,
falam de minas e impostos,
de lavras e de fazendas,
de ministros e rainhas
e das colônias inglesas.

Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
"Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio..."
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
"Tenha meus dedos cortados
antes que tal verso escrevam..."
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).

Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
— e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
"Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Lêem notícias nas Gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?"
(Antiguidades de Nimes
em Vila Rica suspensas!
Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da Independência!
Liberdade - essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)
E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença.



O poema mostra muito bem vários detalhes do que deveria ser a vida em Vila Rica, atual Ouro Preto, naquele tempo: peças de vestuário, detalhes dos móveis, atitudes da vizinhança. A técnica de construção usada naquele tempo não era tão boa quanto a de hoje em dia, e as casas eram próximas umas das ouras. Por isso, o hábito de ouvir a conversa alheia pelas portas existia, e a crença de que “as paredes têm ouvidos” era muito real. Cecília mostra muito bem como os sussurros dos inconfidentes eram vigiados por vizinhos, às vezes maldosos. Naquela situação, apenas pensar em liberdade era um crime gravíssimo, mas os inconfidentes enfrentaram esse perigo.

Dentre muitos momentos bonitos do poema, um é para guardar para sempre,a linda definição de liberdade dada por Cecília: “Liberdade: essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda”.

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Marcha" & "Canteiros"

Olá, turma!

Um artista brasileiro que tem uma relação especial com Cecília Meireles é o cantor e compositor Raimundo Fagner: ao longo de sua carreira, ele já musicou vários poemas de nossa mestra.

Um de seus trabalhos mais bem sucedidos dessa parceria é a canção “Canteiros”, gravada por Fagner em 1973, em seu LP de estréia.

Vamos conhecer o bonito poema de Cecília que inspirou essa obra:

Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebraram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns vivos pela tona,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
-- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga,
é tudo que tenho,
entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho, meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudades;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos tristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lagrima nem grito:
apenas consetimento.

Agora, vamos ouvir a composição de Fagner, através desse vídeo do You Tube:



Uma curiosidade: quando Fagner alcançou grande sucesso com sua canção “Canteiros”, as herdeiras de Cecília o processaram na Justiça, alegando que ele havia plagiado o poema “Marcha”. Hoje em dia, a situação está resolvida, e “Canteiros” ainda é parte do repertório de Fagner e sucesso certo em seus shows. Na verdade, nunca houve exatamente o plágio. O cantor pernambucano apenas usou um recurso adotado por muitos artistas, que é o de prestar homenagem a seus ídolos, com o uso de trechos de suas obras.

Por falar nisso, quem ouviu "Canteiros" com atenção deve ter percebido que Fagner, no final da canção, presta homenagem a outro grande mestre de nossa cultura, o inesquecível Tom Jobim, através de versos da canção "Águas de Março".

Para saber mais sobre essa história, acesse esse link, do site oficial de Fagner: http://www.itarget.com.br/clients/raimundofagner.com.br/cecilia_meireles.htm

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

Romance das Palavras Aéreas

Queridos alunos,

A obra-prima de Cecília Meireles é um livro dedicado a um tema fundamental na história do Brasil e muito querido principalmente a nós, os mineiros: a Inconfidência Mineira. A Inconfidência foi um movimento político que aconteceu em 1789, na cidade de Vila Rica, hoje chamada Ouro Preto.

O principal objetivo dos inconfidentes era protestas contra os impostos abusivos cobrados pelo governo português. Sua revolta foi denunciada por um traidor, e o movimento foi duramente reprimido, com a prisão e a extradição de vários participantes, como os grandes poetas Tomás Gonzaga e Alvarenga Peixoto, e as mortes do poeta Cláudio Manoel da Costa e do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

O sonho de liberdade plantado por esses heróis, porém, nunca foi derrotado, e até hoje é inspiração para todos nós.

Inspirada por essa história repleta de emoção, Cecília Meireles escreveu o magnífico Romanceiro da Inconfidência, em que conta com seu modo poético a sua visão dos fatos, em dezenas de poemas que chamou de “romances”.

Vamos conhecer uma dessas pérolas, o lindíssimo “Romance LIII ou das palavras aéreas”, em que Cecília fala sobre o poder ao mesmo tempo doce e incontrolável de sua ferramenta de trabalho: a palavra.

Romance LIII ou das Palavras Aéreas

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!

Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,
de leve, quem vos desfolha?
Pareceis de tênue seda,
sem peso de ação nem de hora...
- e estais no bico das penas,
e estais na tinta que as molha,
e estais nas mãos dos juizes,
e sois o ferro que arrocha,
e sois barco para o exílio,
e sois Moçambique e Angola!

Ai, palavras, ai, palavras,
íeis pela estrada afora,
erguendo asas muito incertas,
entre verdade e galhofa,
desejos do tempo inquieto,
promessas que o mundo sopra...

Ai, palavras, ai, palavras,
mirai-vos: que sois, agora?
- Acusações, sentinelas,
bacamarte, algema, escolta;
- o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
- a umidade dos presídios,
- a solidão pavorosa;
- duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
- e a sentença que caminha,
- e a esperança que não volta,
- e o coração que vacila,
- e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
- sois madeira que se corta,
- sois vinte degraus de escada,
- sois um pedaço de corda...
- sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
- sois um homem que se enforca!


Bonito, não é?

Uma sugestão: leia o poema algumas vezes em voz alta, lentamente, com emoção. Leia diante do espelho, para seus pais; grave sua leitura e escute-a. Ou filme. Faça isso algumas vezes para sentir a sonoridade e a beleza dos versos de Cecília. Escolha alguns versos preferidos. Como são belos!

“Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência a vossa!” De fato, Cecília! De fato.

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Retrato

Olá, turma!

Vamos começar o dia de hoje com a leitura de um dos mais famosos poemas de Cecília Meireles, o lindo "Retrato":

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Como se vê, o tema do poema são as transformações que o tempo provoca em nós. Mais do que as transformações física, porém, chamam a atenção o "rosto triste", o "lábio amargo", o "coração que não se mostra". "Retrato" nos faz pensar não apenas na passagem do tempo, mas também nos sonhos que vamos deixando pelo caminho, em uma caminhada que pode nos tirar o que temos de melhor.

Para encerrar, vamos ver esse pequeno vídeo do YouTube, que mostra o poema sendo declamado por sua autora. É muito curioso ouvir a voz de Cecília e observar o seu estilo de declamação, muito sentimental e um pouco teatral, como era a moda da época.



Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O primeiro poema

Olá, turma!

Queríamos deixar logo uma pérola de nossa Cecília para vocês começarem a entrar no clima. Afinal, como vocês sabem, a primeira preocupação de nosso blog é a de fornecer a vocês uma antologia poética de nossa mestra, que valerá como o terceiro livro de nossa terceira etapa letiva de 2008.

Como não poderia deixar de ser, o primeiro poema que vamos compartilhar é “Motivo”, que abre o livro “Viagem”, de 1938. Segue ao texto um pequeno comentário.

MOTIVO

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Por que se faz poesia? Parece ser a essa pergunta que Cecília deseja responder, quando coloca em seu poema o título de “Motivo”. Sua resposta é simples e corajosa: canta, ou seja, faz poesia porque é poeta. Quando temos dentro de nós um desejo tão forte que podemos dizer que é ele que nos faz ser quem somos, não precisamos de mais explicações. Por isso, Cecília continua seu caminho poético, independentemente da alegria e da tristeza, do vento, do dia ou da noite. Muitas pessoas escrevem porque estão tristes, porque estão alegres ou por outro motivo. Para Cecília, porém, a poesia é sua própria razão de existir.

Ela alerta, porém, que um dia o poeta estará mudo. Se a poesia tem uma razão de existir, será a vontade de vencer o tempo e a morte?

Cecília certamente atingiu esse objetivo, pois sua obra imortal continua nos inspirando, mais viva do que nunca.

Um abraço,

Guilherme & Ivanilda

Boas vindas!



Queridos alunos do sexto ano do ensino fundalmental do Colégio Maritsta Dom Silvério,


Sejam bem-vindos ao nosso blog sobre a Cecília Meireles!

Aqui prestaremos nossa homenagem a esse incomparável nome de nossa literatura, compartilharemos textos, fotos, vídeos e curiosidades, divulgaremos os resultados de nosso estudo, trocaremos experiências de leitura, publicaremos orientações para tarefas diversas e, principalmente, desfrutaremos do prazer de vivermos juntos essa experiência.

Esperamos contar com a participação de todos vocês, através de comentários, contribuições para o conteúdo do blog e, claro, muito empenho nas tarefas que desenvolveremos durante todo este mês de novembro de 2008.

Queremos que este blog seja um motivo a mais para vivenciarmos ao máximo essa oportunidade, dada por Deus, que tanto nos orgulha: a de sermos um elo forte na linda cadeia iniciada por nosso fundador, São Marcelino Champagnat.

A obra de Cecília Meireles, delicada e riquíssima, sem dúvida coincide com nossa filosofia marial, na medida em que nos ensina o cuidado, a atenção, o carinho. Tê-la como objeto de estudo é uma grande alegria e uma honra para todos nós.

Então vamos ao trabalho! Nos próximos dias nosso blog se povoará de poesia e outras atrações. Deixamos, de saída, uma famosa ilustração de Apard Szènes, que servirá de inspiração para o início de nossos trabalhos.

Um abraço e bom trabalho,

Guilherme & Ivanilda